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Foto do escritorDra. Ana Mariana Pinho

Ronco e Apneia do sono: tudo o que você precisa saber.



O que é o ronco?

O barulho do ronco é resultado da vibração das estruturas presentes na nossa faringe (garganta) causado pela passagem do ar durante o sono, momento em que as estruturas ficam mais flácidas pelo relaxamento da musculatura de sustentação. O som pode acontecer em algumas situações específicas, como por exemplo quando se dorme de barriga para cima, após ingerir bebidas alcoólicas ou devido ao uso de algumas medicações. Porém, independente da idade, se esse sintoma for diário ou atrapalhar a qualidade do sono, ele deve ser investigado.


O que é a apneia do sono?

O ronco também é o principal sinal de alarme para uma doença chamada apneia do sono. A apneia acontece quando há interrupção total da passagem de ar pelas vias aéreas, sendo um fator de risco para doenças cardiovasculares. Nossa via respiratória é um tubo flácido como um canudo. Durante o sono há um relaxamento da musculatura da orofaringe fazendo com que o "tubo"fique mais frouxo e flácido de tal forma que pode acabar se fechando com a passagem do ar, graças a pressão negativa centrípeta criada pelo fluxo de ar (Efeito Bernoulli). Pessoas obesas, pela própria gordura que se acumula na garganta e base da língua, assim como aqueles com palato flácido e amígdala hipertrófica, já tem um tubo mais estreito o que favorece o processo de apneia.


Como saber se eu tenho apneia?

Os principais sintomas da Apneia estão relacionados ao sono, o paciente pode sentir que não teve uma noite boa e apresentar sonolência e cansaço durante o dia. Em alguns casos, quem suspeita da doença é o parceiro que vem reclamando dos roncos e pode até perceber essas paradas na respiração. O paciente pode até acordar com a sensação que está sufocando ou engasgado.


Quais são as causas para se ter apneia?

A apneia tem uma origem multifatorial, o que significa que pode ser causada por vários motivos diferentes, dentre eles, o excesso de peso e obesidade; alterações anatômicas, como desvio de septo, amídalas grandes, retrognatia; fatores neuromusculares; uso de medicações como sedativos e álcool em excesso. O quadro é mais frequente em homens que mulheres, e em idosos.


Como é feito o diagnóstico da apneia?

Para o diagnóstico é feito um exame chamado polissonografia. Esse exame é realizado durante uma noite de sono, no qual o paciente é monitorizado em vários aspectos. Existem eletrodos para captar os estágios do sono, uma cânula para medir o fluxo respiratório, eletrodos que percebem a movimentação do abdome, pernas e músculos da mastigação assim como é medido a saturação (oxigênio no sangue) e a frequência cardíaca.


Qual o Tratamento da Apneia do sono?

O tratamento vai depender da gravidade da apneia, que pode ser leve, moderada ou grave, assim como da sua causa. Se houver alterações anatômicas, alguns procedimentos cirúrgicos podem ter indicação, dentre eles, a correção do desvio de septo; retirada das amígdalas e adenóides; faringoplastia - que é uma cirurgia na parede lateral da via aérea - ou ainda o avanço maxilo-mandibular - cirurgia que movimenta a maxila e a mandíbula anteriormente, aumentando o espaço posterior.

Dentre os tratamentos não cirúrgicos as opções são o uso de aparelho intra-oral ou do CPAP.

O aparelho intra-oral consiste de um aparelho ortodontico que é colocado dentro da boca durante o sono. Seu objetivo é tracionar a mandíbula alguns milímetros para frente, e com isso, aumentar o espaço para passagem de ar na faringe. Quem faz esse acompanhamento é um dentista especialista em medicina de sono, desde a confecção do aparelho até o acompanhamento posterior.

O CPAP é um aparelho que tem como objetivo manter as vias aéreas abertas durante o sono. Para isso, ele fornece ar sob pressão através de uma máscara que fica acoplada no nariz e assim evita que a faringe se feche. É um tratamento bastante eficaz, indicado principalmente para casos graves de apneia, mas que exige uma adaptação inicial.

Além destes, existe ainda a fonoterapia, indicada isoladamente somente para casos mais leves. Trata-se de um acompanhamento com uma fonoaudióloga, que tem como objetivo fortalecer a musculatura da boca e faringe, além de melhorar o posicionamento da língua.

É importante que o paciente apneico entenda a importância do tratamento. Não é apenas acabar com os roncos, mas evitar as consequências deletérias da apneia, principalmente cardiovasculares. Junto do médico podem avaliar as opções e propor o melhor tratamento para cada caso.



Sobre a Autora

Ana Mariana Pinho é médica otorrinolaringologista com fellowship em otologia e especialização em roncopatia e distúrbios do sono.


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